quarta-feira, 8 de março de 2017

Como ajudar nossos maridos a liderarem (sem liderarmos por eles)

“Ele não faz nada, então eu preciso tomar as rédeas.”



Muitas vezes encontramo-nos presas naquele espacinho apertado que aparece quando queremos ser submissas, mas também queremos ensinar nossos maridos a serem líderes piedosos. Deparamo-nos com aquele conhecido dilema: Quem é o verdadeiro líder no lar quando a esposa manda o marido liderar? Temos certeza que sabemos fazer melhor do que eles. Temos certeza que eles precisam que alguém lhes explique as coisas. Temos certeza de que eles não vão fazer nada direito. Há uma clara diferença na Bíblia entre a mulher submissa e a mulher goteira; entre a mulher virtuosa e a mulher rixosa. Como então ajudamos os nossos maridos a exercerem seu papel de líder sem usurparmos sua autoridade?


1. Submetendo-nos.
“Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois talvez alguém até ouse morrer por quem faz o bem.” (Rm 5.7)
Vou fugir dos versículos tradicionais sobre submissão para usar um versículo bem fora do contexto (mea culpa), simplesmente porque ele diz o óbvio que muitas vezes nos esquecemos. Já é difícil alguém sacrificar-se por uma pessoa “boa”. No entanto, Jesus se entregou para salvar ímpios. Isso foi um ato divino. E no caso dos nossos maridos, é um ato impossível sem o poder do Espírito Santo em suas vidas.

Nossos maridos foram chamados para imitar a Cristo nisso, exercendo a autoridade e sacrificando-se por nós mesmo quando nós tentamos impor as nossas próprias vontades tolas. Muitos talvez tentaram, mas desistiram em desânimo ao longo do caminho, porque suas esposas não quiseram largar o osso. Se queremos ajudar nossos maridos a liderarem, precisamos desocupar sua vaga de líder e ocupar a vaga de submissa. Só pode haver um líder no lar. E para haver liderança, precisa haver quem seja liderada: nós, esposas.

Mas a submissão não é obediência cega, assim como o cristianismo não é legalismo. A submissão envolve diálogo, assim como o nosso relacionamento com Deus envolve oração. A submissão é alimentada pelo amor e servidão, e não por medo e chantagem. Por isso, a submissão não é um ato pontual, mas uma forma de viver. É muito mais fácil um marido amar e se entregar por uma esposa submissa.

Naturalmente, esse não deve ser nosso maior motivo para cumprirmos nosso papel divino de submissão no casamento (motivo o qual deve ser nosso amor por Cristo), mas nossa obediência age por amor visando também os frutos, entre os quais está facilitar a tarefa difícil do nosso amado.

2. Exortando-o.
“Exortai uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.” (Hb 3.13)
Tenho certeza que você já percebeu, mas o seu marido também é um pecador. Portanto, vocês dois se encaixam nessa ordem bíblica. Seu marido precisa ser exortado por uma esposa que o ama e o respeita. Ele precisa saber quando tem exercido sua autoridade de forma egoísta. Ele precisa saber quando ele tem te negligenciado. Ele precisa saber o que Cristo tem a dizer sobre tudo isso e você pode ser instrumento de Deus na sua vida. Nós ajudamos nossos maridos exortando-os.

Exortar não é condenar, criticar ou brigar, mas transparece em palavras bíblicas, sábias, doces, humildes, brandas, misericordiosas, precisas, oportunas e encorajadoras. Ser goteira é pontuar os erros repetidamente visando mais desabafar e manipular do que encorajar e construir. Nossos maridos não precisam das nossas indiretas, das nossas palavras ríspidas, da nossa crítica diária de como eles são imprestáveis no que fazem. Eles precisam que nós os ajudemos a exercerem seu papel através da exortação piedosa.

3. Encorajando-o.
“Por isso não nos desanimamos. Ainda que o nosso exterior esteja se desgastando, o nosso interior está sendo renovado todos os dias.” (2Co 4.16)
O desânimo é verdadeiro neste mundo onde o exterior se desgasta com cansaço, doença e estresse. Nós ajudamos nossos maridos a exercerem seu papel encorajando-os. Podemos fazer isso de muitas maneiras.

Podemos encorajar nossos maridos a buscarem encorajamento com outros homens piedosos. Vivemos num mundo quebrado onde há cada vez menos modelos masculinos que ensinem o que significa de fato ser homem e como ser um líder que agrade à Deus e santifica a sua esposa. Amizades bíblicas e construtivas são preciosas. Precisamos amar a boa influência masculina na vida dos nossos maridos e abrir oportunidades para que nossos amados tenham acesso a ela. Mesmo se isso significa ele se atrasar para o jantar por causa de uma boa conversa!

Podemos encorajá-los reconhecendo e admirando os seus dons e seus esforços. Precisamos demonstrar apreciação e gratidão. Agradeça a Deus por ele nas orações. Não seja falsa nem manipuladora, mas verdadeiramente grata. Honre-o na frente dos amigos e dos seus pais, estando ele presente ou não. A palavra encorajadora da esposa anima o coração do marido e pode ser usado por Deus para renovar o seu interior. 

Como é venenoso quando uma esposa ignora ou despreza os esforços do seu marido na frente dos outros! A reputação do seu marido é um bem precioso pelo qual você precisa prezar. Ajudamos nossos maridos encorajando-os no seu papel como líder e no seu crescimento espiritual sempre que pudermos.

4. Auxiliando-o.
“Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; eu lhe farei uma ajudadora que lhe seja adequada.” (Gn 2.18)
Auxiliar nosso marido é nossa primeira vocação. Independente da nossa vocação profissional, a divina vem sempre em primeiro lugar. E somos excelentes no que fazemos quando nos empenhamos nessa tarefa. Conseguimos pensar em detalhes que eles nunca sonhariam. Somos mais cautelosas. Somos mais sensíveis. E ouso sugerir que somos muitas vezes mais prudentes.

Esses dons não nos foram dados para esfregar na cara dos nossos maridos (até porque eles possuem dons que nós não possuímos), mas para complementarmos um ao outro. Portanto, se você perceber uma situação na qual você tem a oportunidade de auxiliar e facilitar a liderança que você tanto deseja do seu marido, faça-o! Use seus dons com alegria! Coloque a Bíblia em lugar visível e de fácil acesso para facilitar e lembra-lo do papel dele de liderar o culto doméstico. Sossegue as crianças quando ele está tentando chamar-lhes a atenção e dar uma ordem. Incentive-o a cuidar da saúde para que ele possa estar bem fisicamente para cuidar de você. Dê-lhe bons conselhos e palpites quando ele precisar. Contribua com seus dons singulares. Há milhares formas práticas de auxiliar no dia-a-dia, as tarefas domésticas e o cuidado pelo lar certamente encaixando-se nessa lista.

5. Perdoando-o.
“Toda amargura, cólera, ira, gritaria e blasfêmia sejam eliminadas do meio de vós, bem como toda maldade. Pelo contrário, sede bondosos e tende compaixão uns para com os outros, perdoando uns aos outros, assim como Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef 4.31-32)
É interessante notar que há um processo descrito aqui que podemos ver claramente na prática: a amargura que gera cólera e ira, que se expressa com gritaria e resulta em blasfêmias. Quantos relacionamentos não estão beirando o abismo cada vez mais perigosamente com episódios constantes de gritaria produzidos por causa da amargura profunda da esposa? No entanto, essa amargura precisa ser combatida com a bondade, a compaixão e o perdão.

Merecer perdão é um oxímoro, um paradoxo. O perdão se faz necessário justamente quando a pessoa não merece. Não é óbvio isso? E, no entanto, nós bradamos orgulhosamente: “Ele não merece meu perdão!” É claro que não merece! Assim como você também não. Nosso perdão, portanto, precisa vir de um coração perdoado. Porque Deus nos perdoou sem que merecêssemos.

A amargura da esposa é um dos maiores obstáculos para um marido que deseja e precisa amá-la sacrificialmente, porque a esposa amarga destrói o marido bem-intencionado com um único olhar. É muito difícil amar alguém que não quer ser amada.

O verdadeiro perdão é fruto do verdadeiro arrependimento. Se nossos maridos de fato precisam do nosso perdão, nós precisamos do perdão deles. Não existe perdão impenitente. Se perdoamos, é porque reconhecemos que também precisamos de perdão. Esse é o primeiro passo para o reconciliamento.

Precisamos, portanto, ajudar nossos maridos perdoando-os.

6. Orando por eles.
“Não andeis ansiosos por coisa alguma; pelo contrário, sejam os vossos pedidos plenamente conhecidos diante de Deus por meio de oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, guardará o vosso coração e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.” (Fl 4.6-7)
A oração bíblica dá-nos paz. Ela não tem o poder de mudar a Deus, mas tem o poder de nos mudar, de mudar nossas atitudes, de ensinar-nos a confiarmos nEle. A oração é também uma das maneiras que Deus predeterminou para que nossas necessidades e nossos desejos fossem supridos. Ao orarmos pelos nossos maridos, estamos sondando nosso próprio coração, arrependendo dos nossos próprios pecados, e também colocando nosso amado diante do nosso Amado.

Em oração, Deus nos derrama a Sua paz e guarda nosso coração de forma que estaremos preparadas para enfrentar um novo dia apesar das dificuldades. É em oração que somos renovadas com mansidão. É em oração que somos quebrantadas com humildade. É em oração que somos constrangidas a perdoarmos. E é através da oração que, pela Graça de Deus, nossos maridos também serão transformados conforme a Boa Vontade do nosso Pai.

4 comentários:

  1. Que texto gracioso! Que possa abençoar a vida de muitas mulheres (e maridos) cristãos e trazer edificação a suas vidas!

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  2. Amémmm!! Que texto excelente! Mexe no nosso comportamento.

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  3. Obrigada por este texto edificante! Sobre o item 2...
    Fui ensinada a nunca ensinar ou exortar o marido e nem usar a Bíblia para isso, que o faria sentir diminuido.
    Penso na maneira ideal de fazer isso e tenho feito raras vezes de forma amável e tem sido interessante vendo o ser humilde. Mas sinto que posso e preciso aprender mais. Poderia por favor expandir mais o assunto?

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