by Drika
Baseado numa história verdadeira e romantizada pela menina que gostava de margaridas
Era uma vez uma menina apaixonada por margaridas. Aquelas brancas, pequenas e bem cheias e cheirosas. O cheiro, a cor, a forma, tudo sobre a flor a atraía e a contagiava com uma alegria de criança, com lembranças, memórias que talvez nem eram dela, mas que suscitavam um sorriso gigante com cada inspirar. Com o passar do tempo, no entanto, essa alegria inocente foi se perdendo e os sorrisos gostosos e fáceis desapareceram. Os problemas da vida vieram e ela se esqueceu das margaridas. Amadureceu, cresceu e tornou-se uma mulher. Passou a gostar de rosas vermelhas, até mesmo as sem cheiro. Mas as rosas vermelhas, por mais cheirosas e suntuosas que fossem, não lhe davam a alegria inocente e pura que havia existido no seu coração muito tempo atrás. Então, a menina, que se tornara uma mulher que gostava de rosas vermelhas, mesmo as sem cheiro, conheceu um homem que não gostava de flor alguma, mas que gostava dela. Ele lhe deu dez rosas vermelhas para conquistar seu coração e o coração foi conquistado, pois ela era uma mulher que gostava de rosas vermelhas e que não se lembrava mais das margaridas. Mas com o passar do tempo, ele percebeu que não só gostava dela, como também a amava. Então, ele lhe pediu em casamento e lhe deu um buquê, não de rosas vermelhas, mas de margaridas, pois ele a conhecia, mesmo sem ela perceber. E a menina que se tornara uma mulher que gostava de rosas vermelhas, mas na verdade era apaixonada por margaridas, chorou. O buquê de margaridas brancas e pequenas foi o primeiro a enfeitar a casinha deles.
E esse buquê, por causa da minha incapacidade jardineirística e falta de dedo verde, murchou e secou rapidamente. Para repô-lo, comprei um pote com um arbusto de margaridas. Durou pouco tempo, murchou, secou e deu-se por morto. Decidi que, por mais que amava aquele cheiro que me lembrava de memórias inventadas e sorrisos gostosos, eu não tinha tempo nem paciência para cuidar de uma planta que não fosse artificial.
Pus os restos do arbustinho no canto do quintal, por preguiça e dó de jogar fora. O tempo foi se passando. Os problemas, os trabalhos, a vida foi acontecendo. Não havia mais tempo de parar e apreciar uma flor. Não havia mais tempo para orar. Não havia mais tempo para falar com meu Pai celestial. Não havia mais tempo para ler e estudar a Bíblia.
E então, hoje, cheguei em casa, após um dia cheio de coisas novas, tanto boas quanto estranhas e duvidosas e me deparei com o arbustinho que eu havia descartado uns meses atrás no canto do meu quintal. A louça estava empilhada e esperando ser lavada. O chão sujo e esperando ser limpado. O quarto... nem te conto.
Mas eu parei e observei e esqueci a louça, o chão e o quarto. O arbustinho estava lá e... para meu espanto, havia um verde entre os galhos secos! Não somente galhinhos frescos, fortes e verdes, mas folhas suntuosas e vivas e botões de flor, crescendo e latejando com vida. Eu me agachei, cheguei perto e enchi meus pulmões com o cheiro. Margaridas.
Pus-me a podar. Sou uma péssima jardineira e podei com a tesoura da cozinha, mas estava, pela primeira vez em muito tempo, me sentindo como uma criança novamente. Só sentir aquele cheiro me fazia vibrar. Rapidamente, o emaranhado de galhos secos caiu e permaneceram apenas os com vida, os com fruto.
O arbustinho estava vivo. Sentei e contemplei-o. Nem me lembrava mais da louça, do chão e do quarto. E, como com tudo na vida desde que casei, meditei... Deus tem formas incríveis e simples de ilustrar a Sua vontade e Seu amor. Tão simples, meu Deus, que o Senhor até me assusta às vezes! Como és sábio!
Desta vez, lembrei-me de que muitas vezes, por causa da nossa rebeldia, passamos por momentos de silêncio inexplicável na alma. A nossa "vida" forçada e artificial sufoca e quase mata de fome o nosso íntimo que anseia por Deus. A morte parece estar à espreita... O desespero, a inutilidade, o fundo do poço. Mas a vida não nos é dada por nós mesmos. É Deus quem inspira esta vida em nós, não só a física, mas a espiritual. É Cristo que nos dá força, nos dá vigor, nos dá razão e motivo de viver. E penso... se Deus pôde segurar a vida da planta, mesmo na face da morte certa, sem cuidados terrenos, sem atenção humana, e fazê-la vibrar novamente com vigor... imagina como Ele cuida de mim? Euzinha insignificante, mas que sou Sua filha? Quanto mais Ele não me podará, me disciplinará, e me fará uma criatura cada vez mais vibrante e nova? As dores existem, mas são benéficas. É a mão de Deus, podando, quebrando os galhos secos, renovando o nosso coração.
E digo mais... O arbusto não ficou rico. Não ganhou um carro. Não conheceu uma arbustinha bonitinha. Não conseguiu o emprego do ano. Não passou no vestibular. Não. Não que essas coisas teriam feito mal ao arbusto... Mas a única coisa que mudou no arbusto foi o arbusto em si.
Hendrika, paz! Tudo bem? Eu, por coincidência, achei este blog e ameii. E achei bem engraçado porque te reconheci. Lembra do Intervalo Bíblico, onde seu esposo deu uma palavra... Ano passado, no curso Fernandinho e Cia. Eu ajudo lá... Em fim, amei o blog e amei o texto. Deus continue lhe abençoando.
ResponderExcluirBeiijo, Rebeca. (:
Oi, Rebeca! Tudo bom! Lembro de você sim :) Muito obrigada pela visita! Que Deus te abençoe!
ExcluirQue belíssimo texto! Elogiável em todos os sentidos. Parabéns, Drika!
ResponderExcluirQue honra tê-lo visitando, Ricardo! Muito obrigada... :)
ExcluirDrika! E esse silêncio na alma, como é sufocante! Só Deus pra fazer com que os nossos "brotos" floresçam! Sem ele somos galhos secos, sem graça e sem vida, apenas figurando na paisagem! Que texto mais lindinho!
ResponderExcluirPois é, Ingrid... galhos secos e inúteis. Bigada pelo comment! ^_^
ExcluirEu estou encantada com seu texto! Deus age de formas lindas né?! Eu precisava ler isso!
ResponderExcluirQue Deus continue abençoá-la querida!
Beijinhos,
Lindo!! Perfeito.. Vocês tem que postar mais!!
ResponderExcluirOlá, a paz!
ResponderExcluirUm belo dia, o homem que me cortejava me mandou o link deste blog. Li algumas postagens, mas não tinha parado para ler esta em especial. Hoje, após sentir falta de postagens novas aqui, parei para ler. E é incrível como Deus usou este texto para me fazer refletir sobre minha vida com Ele. Enfim, mesmo alguns meses depois, podemos dizer que fui tocada pela escrita.
Espero ver atualizações, pois gostei muito do blog. (: